Republicação seleta (e levemente aperfeiçoada) dos textos de eutenhoumblog.blogger.com.br, blog que mantive dos 16 aos 19 anos, de 2003 a 2006. A ideia é que a repostagem seja na mesma data anterior (dia e mês, apenas dez anos depois). Nos comentários, eu falo do que me lembro da época em que escrevi, e avanço. Pra que o meu eu de então fique contente.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Sonho de Hoje à Tarde

Às vezes eu tenho uns sonhos realmente estranhos. Dá até gosto de dormir. Este ocorreu hoje, e só conto por duas razões: é um daqueles sonhos em que tomamos consciência de que estamos sonhando e é o mais recente, e dele me lembro melhor.

Ao que me parece, ele começou em algo parecido com a minha escola — pátio e sala de aula em frente ao pátio. Nesta sala de aula, meio que estavam os alunos, e meio que estavam instrumentos e coisas afins duma banda de rock. E era um fato passado. Existe uma banda, o Dance of Days, e era um ensaio deles, antigo, na sala de aula da minha escola, em frente ao pátio. 

E meio que o Nenê Altro, vocalista, estava um tanto frustrado. Nada estava bom. Nem as letras dele. Lembro de tentar imitar o baterista tocando, sem sucesso, e, depois pegar as letras pra ler, dar uma força e talz. Nisso, saí da sala. 

Pátio, corredor ao lado, sala dos fundos. 

Na sala dos fundos, o roteiro anterior foi abandonado. Era eu e eu estava com as letras, mas, tipo, dane-se. Haviam alunos e livros - aí eu paro, tomo consciência de sonho, pego uma aluna, reconheço-a como pensamento meu e digo: "Me lembra o nome dos livros que estão aqui". Eu queria lembrar deles, quando acordasse. 

Eu vi O Cabotino. vi um livro do Jô Soares, vi um que já não me vem à memória, mas era sobre Jesus, e ainda havia outros. 

Mas parece que isso de falar com pensamento era algo ruim. E parece que eu notei isso, e, em menos de dois quadros e filme rodando eu estava fora da escola, andando pelas ruas — fugindo, eu acho. Eu e o meu pensamento, a menina. Só não tinha trilha sonora. Nesse momento parece que já iam nos pegar. Íamos atravessar a rua. 

Por via de análise: o pensamento era menina meio que gordinha, cabelo pouco abaixo dos ombros, algumas espinhas, olhos castanhos, blusa vermelha. 

Pé na rua, virei pra ela e disse: "Como será que é transar no meio da rua?", e me joguei, eu e ela, meio da rua, eu sobre o pensamento, carros vindo. E notei de novo, consciente, os carros eram pensamentos, porra. Sem mover um dedo do lugar — em termos de sair da rua, entende? — os carros pararam, centímetros antes de mim. 

E a brincadeira com a cunhã (a la Macunaíma), ali no meio da rua, iria continuar. Mas não continuou. O mundo desacelerou, vieram uns closes, e, alguma coisa aconteceu, um fato nela — ao que me parece — impedia de alguma forma, e, antes que descobrisse, eu acordei. 

Sonhos são novelas mexicanas com Mel Gibson dirigindo.

Um comentário:

Duanne Ribeiro disse...

Isso dá um conto.

A ideia de que transar com uma criatura da fantasia contraria algum tipo de regra da realidade, parece que eu a copiei de Peter Rabbit, aquele filme que mistura desenho e atores de carne e osso.

Repare-se também o meu pudor em dizer "transar" ou algo parecido, eu usei esse eufemismo do Mário de Andrade. Quer dizer, pode até ser que eu simplesmente tenha feito uma referência a um post recente.

Enfim, é um sonho de resto desinteressante, com reelaboração de algumas coisas do cotidiano.