O Carnaval é momento épico. "Épico" é palavra engrandecedora demais, mas serve bem. É como Copa do Mundo: cada paulista, mineiro ou carioca é brasileiro, e aí então todo brasileiro é patriota.
O Carnaval é um movimento artístico, aquele que não traí sua essência. Aqui e lá surgem coisas semelhantes, mas Carnaval é Carnaval. É como a Índia e suas vacas sagradas: se morre de fome, mas se mantém a tradição.
E carros alegóricos maiores, e fantasias melhores, etc.
E ele conta história, nossa história, quatroscentas e trinta e três vezes no seu tempo de apresentação. O pronome "ele" é coisa pouca, mas aqui cabe bem, até Personifica o Carnaval.
Carnaval como pessoa. Carnaval, pessoa que dança, pessoa que ri e pessoa que canta. Tantos comas alcoólicos quanto necessários para usar o enfadado estoque de glicose dos hospitais. Tantas novas crianças (em nove meses, lógico) quanto necessárias para encher nossas escolas.
E, se as crianças são o futuro, o Carnaval enche nossas escolas de Futuro. É praticamente a apoteose do futuro, na celebração do passado: iconoclatas da chatice do presente.
O Carnaval é tudo isso, e vira cinzas no final. Ele é a Fênix, vai e volta, feito boomerangue. Filósofos de mesa de bar, visionários de esquina e padaria: todo dia é Carnaval no Brasil, e todo Carnaval tem seu fim.
Assim como o texto, agora e aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário