O autor nos serve, de início, uma explicação para o título de seu livro. Essa explicação me lembra o final de O Auto da Compadecida, e o meio também. Ele afirma que Deus pode aparecer negro aos racistas, mancando para quem tivera ojeriza dos aleijados e assim por diante.
Poesias e pensamentos, cada página diz isso; vendo de perto é uma coleção de críticas em forma de poemas ou alguns aforismos - daqueles que pretendem dizer filosofia em três linhas. Há alguns textos interessantes, não digo que não - mas seriam deveras mais atraentes para um religioso.
Nelmar de Barros se coloca contra o consumismo, parece presar pela família, fala de amor. Sinais de boa pessoa são sinais de uma pessoa próxima a Deus. Demasiadas vezes o argumento é aquele você pode ser assim um dia, com suas variações. Não cospe pra cima que pode cair na sua testa.
Não gosta do homo automobile, do Batman e Robin (um dos aforismos diz que o autor realmente fez uma coisa estúpida ao criá-los. Eu não imagino por quê), do mecanicismo das relações humanas, de saias curtíssimas (nada a ver com a moral, mas é incoerente com a moral, segundo ele o_O) e nem de intelectuais, que duvida que consigam criar ser como o homem, e só depois de o fazer poderão enterrar Deus (nada de genética no tempo dele, acho).
Fala de livre-arbítrio e escreve um livro com regras de ação.
Ah, ele também é homofóbico. Coisa curiosa: na página final (que acaba de se desprender do livro agora) ele nos diz que a diferença entre o homem e a mulher não é o sexo, nem a força, nem os pseudo-direitos - e sim a função exercida. Na página anterior, homossexuais são seres irracionais.
Há um ar prepotente no livro e ele trata as outras religiões como folclore, assim como a maioria dos adeptos da mitologia cristã. E, no final, o golpe de Mestre: o argumento da história "Roupas Novas do Imperador": "se não viu, é burro", em uma de suas variações.
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