Republicação seleta (e levemente aperfeiçoada) dos textos de eutenhoumblog.blogger.com.br, blog que mantive dos 16 aos 19 anos, de 2003 a 2006. A ideia é que a repostagem seja na mesma data anterior (dia e mês, apenas dez anos depois). Nos comentários, eu falo do que me lembro da época em que escrevi, e avanço. Pra que o meu eu de então fique contente.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Em nome do pai, do filho e do espírito santo

Há uma utopia, e seu nome é Humanidade. Por ventura, ou, quem sabe, por nossa própria vontade, nossa imaginação almejou e conseguiu conquistar nossa realidade. Desculpe-me, mas se você é religioso, ou acha que da religião se tira algum proveito, está errado. 

Não há — repito — não há, ou não vi homem nessa terra que tenha me apresentado fé sem proveito. Não constatei em nenhum dos relatos que fizeram-me sobre seus Deuses algo que me levasse a crer nos deuses ou mesmo em seus fiéis. Afinal, só estão nisso porque estão ganhando alguma coisa, mesmo que seja a salvação, mesmo que isso seja apenas uma proteção contra o Diabo. Fé Verdadeira é disso que estou falando. 

O Apocalipse não acontece porque Deus não acha bons meninos para levá-los para lá, o Reino de Deus. 

Contradições nos livros, claro que têm. A possibilidade de vida em outros planetas, claro que têm. Mas as religiões hão de evoluir, hão de apagar o passado e moldar um futuro em que serão poderosas novamente. Não há razões para o homem crer em coisa alguma se não for por pura vontade — fé cega. Absurdamente cega, ou nada. Assim como você crê que sua mãos seguirá suas ordens, ou seu pulmão continuará respirando mesmo que você para de vigiá-lo. 

E veja bem, eu não digo que Deus não existe. Jamais. Não poderia prová-lo — e exatamente, só por isso, que Deus existe. Ele é uma resposta, assim como qualquer lenda, para algo que alguém não pode explicar. Só existe com propósito filósofico, nada mais. E não estou dizendo que foi planejada a criação de Deus para propósito algum, nem de que a Igreja é culpada de alienação alguma, longe de mim dizer tal heresia – mas o fato é que são inúteis. 

Use o seu cérebro. (duendes cantam a sua volta: "Where's my mind", do Pixies.) 

Não há mundo sem mitos? Besteira! Também não havia mundo com televisão. E também não era possível haver mundo sem cavalos, pergunte isso a alguém de séculos passados. It's evolution, baby. A sua vida é sua. Crie um objetivo para ela, pois não há deuses, nada mais que possa criar. 

Quer destruir o mundo? Destrua. Não há sentido em sua vida? Mate-se

Desculpe-me, Humanidade. Desculpe-me por não servir a ambrosia, a facilidade de um outro reino para aproveitar a vida que não aproveitam agora, ou uma mão gigantesca e cruel para obrigá-los a fazer o que sabem que devem fazer. Mas nada existe, Shakespeare estava errado, e entre o céu e terra só existe o que os humanos criaram. O Homo Sapiens quebrou a Seleção Natural; nós somos sobreviventes como um vírus, e ainda temos vislumbres da mecânica que move tudo isso. 

Somos os únicos deuses que esta terra precisa.

Um comentário:

Duanne Ribeiro disse...

Eu me dirigia "à Humanidade". Tenho certeza que na época essa mensagem chegou a vocês hein.

Espécie de humanismo violento, ateísmo militante. A minha ética é basicamente a mesma, mas eu não subscreveria 80% do texto conforme está escrito.

Dá perspectiva de um existencialismo sartreano antes que eu pudesse conhecê-lo.

E cheira à "Clube da Luta".