Tenho quartos, tenho móveis, tenho telefones. Tenho o sol, tenho a lua e todas as estrelas são minhas. Mas tudo o que eu quero é tempo, um discman, um PC, talvez um livro, talvez alguém... alguéns se é que essa palavra existe, se é que essa afirmação faz sentido. Existe tudo o que tenho, existe tudo o que não acredito, existem tantas coisas, existe a verdade, existe o mito.
Tenho pessoas, tenho afeições, tenho amigos que são como irmãos e irmãos que são como portas.
Ganho promessas, entrego confiança, não há troco, pego balas de traição. Dou meu silêncio, falo com os olhos, recebo tudo o que preciso e nem ao menos posso dizer "Eu gosto", com sinceridade.
Vejo o poder das coisas, vejo que são fortes o bastante para me derrubar, e só me deixam levantar para tornar a fazer-me cair. Não sei usar os pronomes, não sei usar adjetivos sem parecer que estou puxando o saco. Não obstante, admiro, e mostro que admiro. Mas, vagamente, fracamente, encolhido, escondido e pronto para negar.
Negar. Nego... um, dois, três... não, não, não! Revoluções, eu as gostaria de ter, mas temo que as coisas mudem; gostaria de lutar pelas coisas, mas não sei quais coisas as coisas são. Não sei o que sou, não sei o que fui, e sem ser nada, não faço idéia do que serei, ou do que quero ser.
Posso ir a parques, posso ir ao céu, posso comer ambrosia, posso atirar em meus pés e ver o sangue escorrer. Tenho poder infinito e não enxergo o infinito: eu enxergo o meu umbigo. Apenas. Eu canto o que eu sinto, só escrevo o que entendo, cada palavra é confusa pra qualquer um que não esteja na minha cabeça.
Chaves, ferramentas, machados, árvores. Grandes porcarias.
(original)
2 comentários:
"Sei fazer poucas coisas, e as faço mal" — parece uma variação sobre "I'm worse at what I do best, and for this gift I feel blessed", um verso de "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana. Fora isso, não sei o que dizer, este texto me deixa rendido. "Oh, well, whatever, nevermind".
Vindo saber como você anda. Só dizer "Oi".
Pois é - oi.
Claire.
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